No mês em que a Lei da SAF completa um ano, o Brasil já soma 24 clubes transacionados. O plano de permitir a iniciativa privada dentro das associações surgiu para oferecer alternativas administrativas, de receitas e de investimentos.
É a chamada “modernização” do futebol. Neste primeiro ano, levando em consideração a expectativa, o balanço é positivo sob a perspectiva dos atuantes na gestão, e reverbera dentro e fora de campo.
Coautor da Lei e especialista em direito desportivo, Francisco Manssur conta que suas expectativas foram superadas. A adesão dos clubes, o assunto da SAF sendo colocado constantemente em pauta e o interesse de investidores estrangeiros foram fatores que o convenceram de que a mudança é o “empurrão” que faltava para “pessoas com dinheiro” apostarem no futebol brasileiro.
No entanto, ele compreende que o caminho é longo e é feito em parceria. Por isso, não há como descartar a atuação dos clubes enquanto associação e nem afirmar com todas as letras que a SAF é a solução ideal para manter os clubes. “Não é uma varinha mágica, precisa vir acompanhada de governança, de compliance e poderá haver clubes, e a gente entende isso como muito normal, que entendem que devam continuar como associação e não há problema nenhum nisso”, ressalva Manssur.
Pioneirismo do Cruzeiro
O primeiro clube do país a aderir a SAF foi o Cruzeiro. No dia 6 de dezembro de 2021, após inúmeras reuniões e uma votação no Conselho, a agremiação registrou seu CNPJ e iniciou o processo como clube-empresa. Depois, Ronaldo Fenômeno foi divulgado como investidor do que viria a ser 90% das ações.
Após oito meses, a situação dentro e fora das quatro linhas cruzeirenses é outra. Com a nova gestão, o primeiro plano, ainda em execução, era estabilizar a condição financeira do clube, quitar dívidas e diminuir a folha salarial.
Gabriel Lima, CEO do Cruzeiro, faz uma análise desse primeiro ano, ainda em andamento, e levanta alguns dos principais desafios enfrentados. “Extremamente positivo, uma lei com vários clubes aderidos. Um dos principais desafios é entender como vão ser as interpretações jurídicas sobre as dívidas das associações em relação a SAF, então é um tema que também preocupa bastante a gente, tem bastante atenção e investimento nesse sentido e esperamos e confiamos na Justiça Brasileira e que a lei seja cumprida”.
O executivo entende que um dos pilares do sucesso da SAF é a responsabilidade atribuída aos gestores. No caso dele, seus dados e assinaturas estão diretamente associados aos atos da sociedade, o que faz com que ele seja um dos responsáveis pelos desdobramentos administrativos.
“Se eu cometo um erro grave ou má fé, o meu CPF é que está lá assinando por todos os atos daquela sociedade. Então eu acho que não resolve, mas ajuda muito nesse sentido. A SAF traz responsabilidade para os administradores, passa a ter um dono no clube que exige resultados e que não quer perder dinheiro, e isso é o principal benefício que traz uma sociedade anônima”, defende Gabriel.
À frente dos trâmites administrativos da Raposa, Gabriel Lima tem conseguido resultados positivos e visíveis aos torcedores. “É possível, sim, recuperar um clube como o Cruzeiro. Tão endividado quanto o Cruzeiro, vai demorar, mas trabalharemos no dia a dia para conseguir isso no menor espaço de tempo possível”.
Para Manssur, essa reestruturação já está nítida em campo, embora um dos grandes trabalhos esteja sendo feito pela gestão. Ele associa a campanha “brilhante” rumo ao acesso a um equilíbrio financeiro alcançado graças a investidores.
“É claro que a questão da dívida ainda vai demorar um tempo, mas o equilíbrio financeiro que o Cruzeiro alcançou para montar um time que está liderando a Série B mostra que também havia uma necessidade de maior gestão, além dos investimentos que o grupo de investidores fez”.
Via Hoje em Dia.
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