Natura vende The Body Shop por um quinto do que pagou há seis anos

As conversas entre a Natura e a gestora alemã Aurelius para a venda da The Body Shop chegaram a um acerto. A companhia brasileira concordou em vender a rede de cosméticos fundada na Inglaterra por 207 milhões de libras (ou cerca de R$ 1,2 bi), um quinto do montante de 1 bilhão de libras que pagou há seis anos para comprá-la. O acordo envolve ainda um possível earn-out de 90 milhões de libras. Tudo será pago em um prazo de até cinco anos.

O valor do negócio frustrou a expectativa de parte dos investidores da Natura, que acreditava que o acerto poderia chegar a US$ 400 milhões (ou cerca de R$ 2 bi), mas ficou em linha com estimativas mais recentes de analistas. No fim de outubro, quando as negociações se tornaram públicas, o Itaú BBA calculou que a operação poderia ser avaliada em cerca de US$ 200 milhões (R$ 1 bi). Em julho, porém, chegou a avaliar o ativo em R$ 3,4 bilhões.

O significativo recuo do valuation reflete o esforço da Natura para se desfazer de uma operação que vinha se mostrando “desafiadora”, segundo a própria empresa. Das três unidades de negócios da companhia (que incluem a própria Natura e a Avon), a The Body Shop é a que tem apresentado maior queda de receita líquida. No terceiro trimestre, caiu 15% em um ano, para R$ 829,4 milhões, segundo balanço publicado ontem à noite. E o Ebitda recuou 39,4%, para R$ 37,5 milhões.

A Natura, além disso, tem sido cobrada pelo mercado para mostrar uma maior rentabilidade, simplificar a sua operação e melhorar a estrutura de capital. Tanto que esta não é a primeira venda relevante da companhia neste ano. No primeiro semestre, vendeu a Aesop para a L’Oreal por US$ 2,52 bilhões. A marca havia sido comprada 10 anos antes pela Natura por 5% desse valor.

Nesse caso, a venda já começou a se refletir positivamente no balanço da companhia. No terceiro trimestre, a empresa conseguiu sair do prejuízo e anotar um lucro líquido de R$ 7 bilhões, beneficiado pelo ganho de capital com a operação envolvendo a Aesop. Não fosse por isso e outros efeitos não recorrentes, o lucro teria sido de R$ 745 milhões. Em igual período do ano passado, foi registrada perda de R$ 560 milhões.

A gestora alemã Aurelius é especializada em investimentos alternativos, como já ocorreu com a Oi, e tinha desde o fim de outubro um acordo de exclusividade para negociar a compra da The Body Shop, dois meses depois de a Natura ter anunciado o interesse em vender o ativo. A conclusão da operação está prevista para ocorrer até o fim do ano e depende da aprovação de reguladores.

Com o acerto, a Natura agora deve focar na integração da Natura e da Avon na América Latina, no modelo de venda direta e na otimização adicional da presença internacional da Avon.

Via Pipeline Valor

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